5 pessoas no limite da maldade humana

Dentro da psiquiatria, um distúrbio é tratado dentro de um espectro. Em outras palavras, existem diversas nuances dentro de uma doença mental, podendo ela ser mais forte ou mais fraca. Isso difere bastante das demais enfermidades do corpo que são mais fáceis de diagnosticar de forma mais assertiva e determinista.

Dito isso, é importante entender que a crueldade humana também é tratada dentro de um espectro pelos psicólogos e psiquiatras.

Esse assunto pode gerar algumas polêmicas e discussões, uma vez que os critérios para determinar isso podem ser um pouco subjetivos. Além disso, o sensacionalismo da imprensa ao retratar alguns casos de assassinos em série ou assassinatos pode acabar dificultando a objetividade dos fatos. Contudo, os profissionais da saúde mental são treinados para observar tudo da forma mais clara possível. Dessa forma, os psicólogos e psiquiatras não enxergam os pacientes homicidas da mesma forma que o grande público o faz.

Segundo Gary Brucato e Michael H. Stone, autores do livro “Cruel: Índice da Maldade”, são considerados 22 níveis de crueldade por parte de quem comete algum homicídio. Os quatro primeiros estágios são daqueles que não possuem nenhum tipo de transtorno de personalidade antissocial (popularmente conhecido como psicopatia). A partir do quinto nível, os pacientes começam a demonstrar algum tipo de distúrbio mental.

A título de comparação, no primeiro nível estão aqueles que assassinaram alguém em legítima defesa, sem premeditação, sendo que quase sempre essas pessoas acionam as autoridades após o ato. Os métodos empregados quase sempre envolvem meios rápidos, como armas de fogo, ou então golpes certeiros com uma arma branca. Além disso, frequentemente são dominados pelo remorso após terem tirado uma vida. Em resumo: são os “assassinatos justificados” aos olhos da lei.

Agora, no último estágio de maldade, estão os assassinos torturadores que prolongam o sofrimento das vítimas por um longo tempo. Seus métodos são sádicos e cruéis, sendo que suas motivações costumam ser o mal pelo mal, tanto que, não raro, sequer existe algum tipo de excitação sexual envolvida. Frequentemente eles também costumam guardar troféus de suas vítimas – contudo, essa não é uma característica única deste estágio de maldade.

Vamos conhecer agora cinco pessoas que estão no nível 22 da maldade humana de acordo com Gary Brucato e Michael H. Stone. Recomendamos a leitura do livro para entender melhor os demais estágios com maior detalhamento.

Tommy Lynn Sells

Tommy Lynn Sells nasceu em Oakland, Califórnia, em 28 de junho de 1964. Ele tinha uma irmã gêmea chamada Tammy Jean e outros três irmãos, todos filhos de uma mulher solteira chamada Nina Sells. Contudo, o casal de irmãos contraiu meningite logo nos primeiros anos de vida e apenas Tommy sobreviveu. Sua infância foi bastante problemática. Ele cresceu quase sem frequentar a escola e muitas vezes foi deixado a própria sorte. Até os dois anos de idade ele foi criado por uma tia e somente depois voltou para os “cuidados” da mãe.

Já aos sete anos de idade começou a consumir álcool e aos 10 anos já fumava maconha. Segundo relatos do próprio, ele ansiava por uma figura paterna nos primeiros anos de vida e chegou a ter uma relação de amizade com um homem bem mais velho, que o enchia de presentes e afeto. Contudo, esse sujeito viria a abusar sexualmente dele em determinado momento de sua infância. Aos 13 anos, ele foi expulso de casa após subir nu na cama da própria avó e passou a vagar de cidade em cidade cometendo furtos para sobreviver. Dias depois da expulsão, em um surto de fúria, ele teria espancado quase até a morte uma menina com uma pistola. Anos depois, Sells tentou voltar a se reunir com a família, mas foi expulso de casa novamente após tentar ter relações sexuais com sua mãe durante o banho.

De acordo com o próprio, ele cometeu seu primeiro assassinato aos 15 anos de idade após presenciar um menino sendo estuprado por outro. Lembrando do abuso que sofreu, ele atirou no criminoso em um acesso de raiva. O ato de tirar uma vida o teria proporcionado uma sensação que nunca havia experimentado antes. Ele admitiu ter matado dezenas de pessoas ao longo dos anos seguintes em diferentes cidades dos Estados Unidos, sendo que ele não seguia um padrão específico observado em outros assassinos em série. Até mesmo por isso que é difícil confirmar sua ligação com os demais casos relatos pelo próprio. Muitos de seus supostos assassinatos foram cometidos durante invasões a domicílio que ele mesmo efetuou.

Sells foi preso em 1999 após o assassinato de uma menina de 13 anos chamada Kaylene “Katy” Harris. Era véspera de ano novo quando ele invadiu a casa da família, que ficava em San Antonio, no Texas. Além disso, ele também atacou uma amiga de Katy que sobreviveu ao ataque e descreveu o assassino. De acordo com o pai de Katy, ele havia conhecido Sells na igreja que frequentava e chegou a receber o assassino em sua casa antes dias antes.

No dia 3 de abril de 2014, Tommy Lynn Sells foi executado por injeção letal na Prisão Estadual de Huntsville, Texas. Apesar de ter confessado diversos homicídios, ele foi condenado apenas pelo assassinato de Kaylene Harris. Em nenhum momento ele demonstrou remorso e durante o julgamento até mesmo se orgulhava do que havia feito. Diane Fanning, sua principal biógrafa, conta que, durante uma das entrevistas, Sells teve um acesso de fúria e bateu com força na mesa. Ela afirma que seu rosto se contorceu em uma cara maligna e que aquela era a imagem que as vítimas veriam antes de morrer.

Robert Berdella

Conhecido como “O Açougueiro de Kansas City”, Robert Berdella nasceu em 31 de janeiro de 1949, em Cuyahoga Falls, Ohio. Ele cresceu em uma família relativamente estável em comparação com os demais serial killers, porém tinha vários problemas de qualquer forma. Seu pai era um religioso fervoroso e muitas vezes batia nele com uma cinta de couro. Ele constantemente era comparado com o irmão mais novo, que era mas alto e forte do que ele. Além disso, ele desde cedo precisava usar óculos de grau elevado e já criança tinha problemas de pressão alta, o que o levou a ter uma saúde frágil. Berdella desde cedo se identificava como gay, mas nunca assumiu devido ao medo da reação do pai. Em dado momento de sua juventude, passou a ter uma “confiança excessiva”, o que levou as pessoas a considerarem ele alguém grosseiro e arrogante.

Berdella tinha algum talento para artes cênicas, o que rendeu uma bolsa de estudos no Instituto de Arte de Kansas City. Seu objetivo maior era virar um professor no local, mas isso não veio a acontecer. Ele tinha o hábito de executar artes performáticas bastante perturbadoras, como decapitar uma galinha ou pato vivos e dançar com o corpo. Além disso, ele foi preso durante um breve período de seus estudos por tráfico de drogas. Assim, ele abandonou a vida acadêmica após se formar. Ele começou a trabalhar como cozinheiro e fornecedor de artefatos antigos, itens ocultistas e parafernália para uso de drogas.

Seu primeiro assassinato foi cometido em 1984. A vítima foi um garoto de 19 anos chamado Jerry Howell, que supostamente era um garoto de programa. Os dois planejavam participar de um concurso de dança no Dia da Independência e, durante uma parada na casa de Berdella, o jovem foi preso e torturado durante dias antes de finalmente ser morto. Seu corpo foi esquartejado e distribuído entre latões de lixo que seriam despejados em um aterro sanitário. Robert Berdella seguiria conhecendo jovens e os atraindo para sua casa com a promessa de drogas, comida e lugar para dormir. Todos tiveram o mesmo fim: dias de tortura extrema antes de finalmente serem assassinados.

Um fato mórbido curioso era o fato de que Berdella mantinha uma curiosidade intelectual e um distanciamento mecânico a respeito de seus atos. Por isso, ele mantinha anotações detalhadas de suas torturas e reações das vítimas, acompanhadas de diversas fotografias. Suas notas eram tão frias e “profissionais” quanto a de um cientista. Seus métodos envolviam suspender as vítimas pelos tornozelos, tampar suas orelhas com calafetagem, quebrar ossos das mãos com uma barra e ferro, eletrocutar, inserir agulhas debaixo das unhas e injetar substâncias nos olhos das vítimas. Alguns jovens, todos do sexo masculino, morreram de asfixia, sepse e overdose. Uma das vítimas, inclusive, quase decepou o pênis de Berdella durante um sexo oral forçado.

No dia 2 de abril de 1988, um homem de 22 anos chamado Christopher Bryson conseguiu escapar da casa de Berdella em um momento oportuno. Ele estava nu, drogado, ferido e com uma coleira de cachorro no pescoço. Ao procurar a delegacia mais próxima, ele descreveu os quatro dias de tortura intensa que sofreu nas mãos do algoz. No momento da prisão, a polícia encontrou os diversos registros das torturas, além de ossos e dentes das vítimas. Robert Berdella foi condenado a seis prisões perpétuas pelos crimes, mas ele nunca chegou a cumprir sua sentença completa, pois morreu na prisão em 8 de outubro de 1992, devido a complicações decorrentes de um ataque cardíaco.

Gary M. Heidnik

Este nome talvez seja um dos mais conhecidos dentro desta lista. Gary Michael Heidnik nasceu em 22 novembro de 1943 em Eastlake, Ohio. De acordo com relatos do próprio, o pai era agressivo durante a sua infância, o pendurando pelos tornozelos ao urinar na cama e exibindo os lençóis na frente da casa. Contudo, o homem negou essas acusações posteriormente. O fato é que se sabe que a instabilidade mental era uma constante na família, tanto que a mãe alcóolatra cometeu suicídio em 1970 e seu irmão tentou fazer o mesmo diversas vezes. O futuro assassino em série tentaria tirar a própria vida após a morte da mãe. Ainda na infância, Heidnik sofreu um traumatismo craniano após cair de uma árvore. Ele tinha diversos problemas sociais na escola, considerando as outras crianças como “indignas” de se comunicar com ele. Contudo, ele sempre tirava notas altas e tinha um QI quase no nível de um gênio. Mesmo assim, ele possuía uma fúria tão grande que tinha o hábito de torturar e matar animais, pendurando seus corpos em árvores posteriormente.

Aos 17 anos, Heidnik se alistou no Exército e seu desempenho era considerado exemplar. Contudo, devido a problemas de saúde física e mental, ele teve uma dispensa honrosa e não existem registros de problemas em sua vida durante esse período. Em 1965, ele se formou enfermeiro, mas nunca conseguiu se manter em um emprego por muito tempo devido a atitude grosseira e rude que tratava os pacientes. Nos anos seguintes, ele tentaria tirar a própria vida mais de dez vezes. Devido aos diversos cheques que recebia por invalidez, ele conseguiu comprar uma casa de três andares que usava tanto como sua moradia como também alugava para ter uma renda extra. Nos anos seguintes, ele se envolveria em casos de violência contra seus inquilinos e as mulheres que viria a se casar, na qual chegou a ter filhos.

Em 1986, cansado de relacionamentos fracassados e não conseguir ter contato com os filhos devido as medidas protetivas, ele resolveu que iria criar uma “fábrica de bebês” em sua própria casa, na Filadélfia. Ele montou uma estrutura tanto assustadora quanto impressionante no seu porão. Dessa forma, ele passou a sequestrar mulheres, a maioria prostitutas, na esperança de criar uma linhagem de filhos leais. No total, seis mulheres foram feitas de vítimas. Heidnik empregou uma campanha bastante sistemática para “desumanizar” seu harém particular, como obrigá-las a comer comida de cachorro e suborno para que elas dedurassem umas as outras de insubordinação e conspiração. Algumas chegaram a ficar surdas após terem seus tímpanos furados com uma chave de fenda. Quando uma morria, Heidnik desmembrava o corpo e servia os pedaços para os cães e para as demais prisioneiras. Os vizinhos chegavam a reclamar o cheiro ruim que vinha da casa, mas o criminoso conseguia ludibriar as autoridades com alguma desculpa.

Josefina Rivera, uma das prisioneiras, decidiu que venceria o algoz no próprio jogo. Ela passou a cooperar em demasia com Heidnik, dedurando as demais prisioneiras e até mesmo auxiliando ele na desova de alguns corpos. Assim, o criminoso passou a pensar que havia “conquistado” a mulher e com isso passou a ficar mais flexível com ela, a deixando livre pela casa e também ganhando o direito de assistir a filmes na sala e “ser estuprada de forma mais confortável”. Em um momento que Heidnik permitiu que ela visitasse a família, Josefina fugiu e acionou as autoridades. Quando a polícia invadiu o local, foram encontrados restos humanos na geladeira, uma coleção de itens das vítimas e as demais sobreviventes no porão.

Gary Michael Heidnik foi condenado a pena de morte e foi executado por injeção letal na penitenciária da Pensilvânia em julho de 1999. Os juristas conseguiram vinculá-lo a dois homicídios, além de sequestro, cárcere privado e estupro. Contudo, o número total de vítimas fatais pode ser bem maior de acordo com os relatos das próprias sobreviventes.

John Wayne Gacy

Junto com o item anterior, este talvez seja um dos nomes mais conhecidos quando se fala de serial killers. John Wayne Gacy nasceu em 17 de março de 1942, em Chicago, Illinois. O futuro “Palhaço Assassino” tinha uma relação complicada com o pai, que supostamente era alcóolatra que abusava verbalmente e fisicamente da família. O homem o acusava de ser homossexual e frouxo, uma vez que o filho gostava de coisas como cozinhar e cuidar do jardim ao invés de esportes. Contudo, Gacy afirmou que não guardava rancor do pai devido a esses abusos. Ao longo da infância, ele tinha uma relação minimamente normal com as outras crianças, tendo alguns amigos e até mesmo entregando jornais após a escola. Aos sete anos de idade, supostamente teria sido molestado por um amigo da família e desde cedo torturava animais, como ratos. Já aos 11 anos, ele sofreu um acidente quando um balanço atingiu sua cabeça, o que gerou um coágulo no cérebro que causava desmaios frequentes. Ao longo da adolescência, ele também desenvolveu uma doença cardíaca que não foi divulgada.

O futuro criminoso tinha problemas de aprendizagem na escola e finalmente desistiu dos estudos aos 17 anos. Ele acabou se mudando para Las Vegas e virou zelador de um necrotério e, durante esse tempo, tinha o costume de abrir os gavetões dos cadáveres e conversar com os corpos. Tempos depois, Gacy voltou para perto da família e começou um curso de administração, sendo que nesse meio tempo começou a desenvolver ainda mais suas habilidades sociais que serviriam para ocultar seu lado sombrio. Durante esse tempo, ele até mesmo conquistou o respeito do pai. Contudo, em 1968, ele foi preso por sodomizar um adolescente e ficou 18 meses na prisão devido ao comportamento exemplar – originalmente, ele foi condenado a 10 anos. Após a liberdade, começou a trabalhar como empreiteiro e se casou pela segunda vez com uma mulher que já tinha dois filhos. Gacy também passou a ficar bastante ativo em assuntos comunitários, se tornando um membro bastante respeitado em assuntos sociais.

No começo de 1971, ele foi acusado de molestar um jovem, mas as acusações foram retiradas após a suposta vítima não comparecer ao tribunal. Nesta época, Gacy abriu uma empresa de terceirização que contratava adolescentes para, supostamente, manter os custos trabalhistas baixos. Foi nesta época que ele ficou ainda mais ativo na comunidade pelo fato de ter aspirações políticas. Juntamente com isso, foi quando ele começou a se vestir de palhaço, conhecido como Pogo, para entreter as crianças em festas infantis e hospitais. Apesar disso, os boatos de no sigilo ser homossexual abalava sua reputação.

Sua primeira vítima foi feita em 1972, quando Gacy matou a facadas um jovem que havia raptado em um ponto de ônibus. Nos seis anos seguintes, ele desenvolveu um método bastante constante em seus homicídios. As vítimas eram homens jovens que estavam em busca de trabalho e o assassino acabava os atraindo até sua casa. Lá, incapacitava eles com clorofórmio e em seguida os torturava de diversas formas. Contudo, Gacy tinha predileção por segurar a cabeça das vítimas dentro de uma banheira cheia e outras formas de asfixia, principalmente enforcando com cordas e torniquetes. Além disso, ele era um exímio planejador de tais atos, pois ele pedia para que os trabalhadores de sua empresa cavassem trincheiras no pátio de sua casa com a justificativa de que pretendia instalar novos canos, quando na verdade eram covas. Quando ele foi preso, foram descobertos 28 corpos e seis deles ainda não foram identificados. Alguns dos cadáveres foram encontrados vestindo roupas de palhaço.

Gacy chamou atenção das autoridades em 1978 quando um jovem de 15 anos chamado Rob Piest foi declarado desaparecido. Ele tinha sido visto pela última vez na farmácia onde trabalhava e Gacy havia feito serviços de manutenção no local pouco tempo antes. Quando as autoridades foram até a casa do criminoso, um dos policiais reconheceu o cheiro do local como sendo de cadáveres, pois já havia trabalhado anteriormente em um necrotério. Assim, uma busca foi feita e logo se descobriu o terrível segredo do homem que se vestia de palhaço.

Durante o julgamento, ele demonstrou completa falta de remorso. Um dos sobreviventes das torturas do assassino deu depoimento no tribunal e Gacy riu alto após o relato. No fim, John Wayne Gacy foi condenado a morte e foi executado em 1994 por injeção letal.

David Parker Ray

Outro caso chocante e que envolve um nível extremo de maldade. David Parker Ray nasceu em 6 de novembro de 1939 em Belen, no Novo México. Ele e a irmã foram criados por pais pobres no rancho dos avós maternos. O pai era um alcoólatra abusivo que abandonou a família quando Ray tinha 10 anos de idade. Eles foram morar com o avô paterno que era um homem grosseiro e punia fisicamente as crianças por qualquer coisa. Na escola, ele era introvertido e tímido, tendo dificuldades em fazer amigos. Suas notas não eram altas e concluiu com dificuldades os estudos. No final da infância, ele começou a usar drogas e álcool e desenvolveu um fascínio por revistas pornográficas que ganhava do próprio pai. Anos depois, ele alegou que sua primeira vítima foi aos 13 anos, quando torturou e matou uma mulher depois de amarrá-la em uma árvore.

No final da escola, ele trabalhou como mecânico antes de se alistar nas Forças Armadas, onde também atuou no conserto de máquinas. Mais tarde, ele recebeu uma dispensa honrosa e voltou a trabalhar como mecânico fora do Exército. Apesar de ser considerado um trabalhador dedicado, os colegas perceberam que ele era um colecionador de lixo, sendo que coletava esses itens para seus supostos projetos pessoais. Ao longo de sua vida adulta, Ray casou quatro vezes e teve dois filhos. Publicamente, ele se apresentava e era visto como um homem de família responsável e dedicado.

Seus crimes começaram em 1955 quando ele criou sua “caixa de brinquedos”: um trailer em um local isolado que Ray equipou com isolamento acústico e diversos instrumentos de tortura. Além disso, ele manteve diversos diários perturbadoramente detalhados de como ele sequestrou, estuprou, torturou e matou mais de 60 mulheres do Novo México por quase 50 anos. As vítimas eram, em sua maioria, prostitutas e caroneiras que ele encontrava na estrada ou em bares. Após serem capturadas, as mulheres eram obrigadas a ouvir uma fita de áudio que continha minutos de uma fala macabra que descrevia o que aconteceria com a vítima a seguir e quais eram as regras que deveriam ser seguidas. Essas fitas foram sendo regravadas e aprimoradas com o tempo e que foi recolhida pela polícia data de 1993. Sua transcrição possui 10 páginas e aqui estão alguns trechos do que ela diz:

“Olá, vadia. Está confortável? Duvido. Pulsos e tornozelos acorrentados. Amordaçada. Provavelmente de olhos vendados. Imagino que esteja desorientada e assustada. Por ora, é melhor se recompor e ouvir essa fita. É muito importante para sua situação. Vou contar, em detalhes, porque você foi sequestrada, o que vai acontecer e por quanto tempo vai ficar aqui. [] Você provavelmente pensa que vai ser estuprada e, veja só, você está coberta de razão. O que você tem no meio das pernas é o que mais nos interessa. Você vai ser estuprada inteira, várias vezes, em todos os buracos que tiver. Porque, basicamente, você foi sequestrada e trazida até aqui para adestrarmos você para ser nossa escrava sexual. Parece bizarro demais? Bem, talvez seja para os não iniciados, mas fazemos isso o tempo todo. [] No que me diz respeito, você é um belo pedaço de carne e será usada e explorada. Eu não dou a mínima para seu estado ou como você se sente a respeito da situação. Talvez você seja casada, tenha um filho ou dois, namorado, namorada, um emprego, pagamento do carro. Foda-se. Eu não vou a mínima para nada disso e não quero nem ouvir a respeito disso. [] Pode parecer cruel e frio, mas se você causar muitos problemas ou se representar qualquer tipo de ameaça, não vou hesitar em cortar sua garganta. Como disse antes, não gosto de matar as meninas que trazemos aqui, mas às vezes acontece. [] No fim do monólogo, Ray ainda desejava um bom dia para a vítima.

O leitor pode notar que Ray usou muitos verbos na primeira pessoa do plural e isso não é à toa. Ele conseguiu uma cúmplice para seus crimes: a namorada Cindy Hendy. Além disso, a própria filha de Ray, Glenda Jean Ray, foi condenada drogar mulheres e levar para que o pai as torturasse e matasse. Um outro homem chamado Dennis Roy Yancy também trabalhou com o criminoso durante um período de tempo e foi condenado.

Ray foi preso em 22 de março de 1999 quando a prostituta Cynthia Vigil, de 22 anos, conseguiu escapar do trailer e pedir ajuda. Nua, ela percorreu uma estrada coberta de sangue e marcas de tortura, além de uma corrente ao redor do pescoço. Ela entrou no trailer de um estranho e contou o que havia acontecido. Cynthia havia sido sequestrada em Albuquerque após entrar no carro do criminoso, onde foi incapacitada por Cindy Hendy. Neste momento, ela ouviu a fita de apresentação de Ray. Ela sofreu torturas inimagináveis durante três dias até que conseguiu se soltar das correntes e conseguiu ferir os dois com um picador de gelo em uma janela de oportunidade. O casal foi preso naquele mesmo dia e logo se descobriu a verdade terrível a respeito daquele trailer.

Ray não demonstrou nenhum remorso por suas ações e inclusive esboçava expressões de felicidade ao ouvir os relatos das vítimas sobreviventes. Cindy testemunhou contra o namorado e recebeu uma pena de 36 anos de prisão. Após receber a sentença de 224 anos de prisão, o criminoso concordou em revelar a localização dos cadáveres enterrados. Contudo, ele morreu devido a um ataque cardíaco em maio de 2002 antes de levar as autoridades aos locais. No fim, nenhum dos corpos foi encontrado e Ray foi apenas condenado pelo sequestro, tortura e abuso sexual de Cynthia Vigil.

Um comentário

  1. E impresionante, nascer um ser humano, e uma alegria para sua mãe e outros da familia.
    Mas, como se cria, se faz seu futuro.
    Segundo especialistas, dizem que até 7 anos uma criança pode ser limpa e pura.
    A partir daí ela começa com o colégio, onde tem suas primeiras mudanças.
    Não se comporto na escolinha, e a mãe negocia com ele para não fazer bagunça e para isso será premiado, com os anos acostumado a negociar, não enxerga que para quase todo tem um não na vida.
    Não aceita e começa a procurar benefícios que o leva por caminhos errados…
    Acredito que o início de um criminoso e dentro de casa , pelos menos em sua maioria.
    Isso e tanto para a pobreza como filhinhos de papai em proporção diferente.

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