Perda da inocência em “Imaculada”

Profano, diabólico e blasfemo: esses são alguns dos adjetivo atribuídos ao filme “Imaculada”. Como não existe marketing ruim, essas palavras estampam o pôster do longa que chegou ao Brasil durante o feriado cristão no dia 30 de maio.

Acompanhamos então a atriz Sydney Sweeney, que também assina como produtora, interpretando uma freira que é transferida para um convento na zona rural da Itália até que, por conta de uma gravidez inesperada, passa a enfrentar a verdade assustadora por trás do convento.

É impossível deixar de notar a semelhança com “O Bebê de Rosemary” e longa parece saber disso, então ele leva essa temática para um lado mais pé no chão, quase que se tornando uma ficção científica sem deixar de lado os elementos sobrenaturais característicos de filmes desse gênero.

Embora o filme faça uso constante do recurso do jumpscare, mesmo sem sentido narrativo em muitos momentos, a maior qualidade está no seu terror gráfico e psicológico, não economizando no sangue e em momentos lúdicos que confundem alucinação, sonho e realidade.

A atriz Sydney Sweeney não fica para trás e em poucos minutos de tela mostra sua versatilidade. A personagem começa como a tradicional novato inocente e conforme os eventos da trama avançam ela vai mudando para poder sobreviver, até chegar na infame cena final. Um plano sequência visceral e que definitivamente nos pega de surpresa por sua coragem ao encerrar o filme com algo tão brutal.

Infelizmente, o roteiro não acompanha a excelência da direção e da atuação da protagonista, por mais que ele se escape dos clichês do gênero colocando outros elementos na trama é nítido a quantidade de subtramas abandonadas. Em determinado momento é dito que muitas freiras ali são, na verdade, mulheres expulsas de casa ou com problemas mentais abandonadas. Algo que poderia explorar o lado misógino da instituição é justificar a figura assustadora de freira que foi estabelecida no cinema.

Seguindo mais para frente, temos cenas da protagonista sendo tratada como um divindade, literalmente como a Virgem Maria. Porém, como o longa corta para o fim da gestação, não temos o desenvolvimento desse ideia nem o que a personagem acha de ser tratada como uma santa.

O foco em jumpscares é a falta de desenvolvimento em assuntos mais profundos talvez sejam uma decisão de tornar o filme mais comercial, tornando mais palatável para o grande público, em especial fãs mais jovens da atriz Sydney Sweeney.

Infelizmente a sensação é de um potencial maior desperdiçado, eu não sou fã do recurso de susto baratos, mas a entrega da atriz e o final impactante são recompensadores.

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