Morte à Distância: conheça as armas mais letais da antiguidade

Guerras e conflitos fazem parte da História humana. E com os brutais combates campais que ocorriam com escudos e espadas, eliminar inimigos e ameaças sem se expor ao risco sempre foi uma preocupação desde a primeira pedra arremessada contra um adversário até os modernos mísseis de cruzeiro.

As primeiras armas de ataque à distância consistiam em simples pedras arremessadas à mão, com o objetivo de atordoar e ferir os oponentes. Com o passar do tempo, foram buscadas novas formas de aperfeiçoar a potência e o alcance dos projéteis. Surgem então os lançadores de pedra, lanças, dardos e flechas.

Mas, em que ponto da História houve a evolução de armas de alcance ao ponto de se tornarem superiores à força de um ser humano?

Por milênios, as armas de alcance de impérios se resumiam a lanças e arcos, mas em algum momento passaram a fazer uso não mais da força física do indivíduo, mas também da força mecânica de equipamentos projetados para esse fim. Essas armas passaram a ser usadas para ataque e defesa das cidades, e por isso são conhecidas como “Armas de Cerco”.

Iremos explorar alguns exemplos dessas primeiras armas de cerco. Portanto, vamos excluir as armas de alcance de mão e também as armas de pólvora que surgiram mais tarde, assim como Torres de Cerco e aríetes. Nosso enfoque será nas armas de tensão e tração a partir do período Grego clássico até o século XII.

Oxybeles

    Um dos primeiros exemplos de armas de longo alcance a não depender exclusivamente do limite físico do indivíduo, o Oxybeles tratava-se de uma espécie de besta em tamanho grande, fixada à uma base de madeira.

    Era construído com um arco composto preso à uma armação de madeira, esta sendo presa à uma base de madeira. Os primeiros modelos eram basicamente um Gastraphetes em tamanho aumentado, um tipo de arco que era armado empurrando o peso do corpo contra a armação, mas mais tarde evoluiu para um modelo armado com um sistema de alavancas que tencionavam a corda, sendo acionado através de um gatilho.

    Ballistra

    Uma evolução do Oxybeles, a Ballistra grega consistia em uma armação de madeira com dois braços inseridos em espécies de “molas” de torção feitas com tendões trançados. Era armada através de manivelas que puxavam a corda e tencionavam as estruturas de tendões. Uma vez armado, eram inseridos dardos ou pedras em uma vala de madeira, com a corda tensionada atrás. Ao acionar uma alavanca, a corda era liberada e lançava os projéteis com grande velocidade.

    Ao usar torção ao invés de tensão, conseguia uma maior e mais veloz transferência de energia, desperdiçando menos força no processo e resultando em um poder e alcance maiores.

    Polybolos

    Seu nome significa “multi lançador” em Grego, é um dos primeiros exemplos de besta de repetição. Usando o sistema de tensão e tendões da ballistra, essa arma possuía a vantagem de atirar vários projéteis em sequência.

    Sua construção possuía um tipo de carregador posicionado sobre a mesa principal, onde poderiam ser inseridos dezenas de dardos ou flechas. Usando um sistema de alavancas, engrenagens e correntes de madeira, o equipamento era armado usando um movimento anti-horário até que uma garra de metal prendesse a corda do arco, quando era puxado em sentido horário para armar o arco. Nesse momento, um eixo de madeira girava e inseria um dardo na mesa, que então era disparado automaticamente ao se girar mais um pouco a alavanca, reiniciando o processo e permitindo ao operador atirar de maneira quase “automática”.

    Ballista

    Apesar do nome semelhante, a ballista consistia numa evolução da Ballistra Grega, criada pelos romanos quando incorporaram a Grécia ao seu Império. Construída usando sistemas de tensão por rotação de conjuntos de tendões trançados, as Ballistas romanas possuíam um sistema de catraca que permitia mais facilidade ao armar o mecanismo, além de meios de ajustar a tensão dos tendões trançados, seja para equilibrar a tensão em ambos os lados ou para ajustar às condições atmosféricas.

    Haviam ballistas de diversos tamanhos, desde enormes balistras de 3 talentos (cerca de 78 kg), passando pelas Carrobalistas, que eram balistas montadas em bigas ou carroças, até as menores balistas chamadas “escorpião”, armas operadas por apenas um soldado e com grande precisão.

    Catapulta

    O termo “catapulta” é geralmente usado para descrever quaisquer armas de cerco que usam força elástica e energia potencial para lançar projéteis e graças ao cinema, ficou associado à imagem de uma arma cujo nome correto é “onagro”. Porém, catapulta também é o nome que designa uma arma de cerco romana, de construção muito similar à uma Ballista, com a diferença sendo o tipo de projétil usado: as catapultas eram lançadores de lanças ou dardos, enquanto as Ballistas eram versões maiores, lançadoras de pedras.

    Onagro

    O onagro é um tipo de arma de cerco romana, muito semelhante com o que se convencionou chamar simplesmente de catapulta. Consistiam em uma base e uma armação de madeira, um braço lançador com uma extremidade semelhante a um balde ou uma colher, usado para arremessar pedras, utilizando da força de torção de uma bobina de tendão trançado, que ficava localizada na base, horizontalmente.

    O nome “Onagro” vêm de um animal semelhante à uma mula, e se deu porque ao atirar, o braço lançador batia na viga de apoio, fazendo a máquina “dar um coice”. Ao longo do tempo, outras variações foram sendo criadas, como o onagro com uma funda, o que aumentava o alcance da arma sem aumentar seu peso, pois não estendia o comprimento do braço composto por uma viga de madeira. Sendo mais fácil de operar e produzir do que as ballestas, apesar de menos preciso, era uma arma relativamente comum no exército romano, usada para disparar pedras, recipientes com fogo grego ou carcaças de animais, que podem ser consideradas um dos primeiros tipos de armas biológicas a serem utilizadas.

    Manganela

    A Manganela, ou trabuco de tração, é uma arma de cerco usada na China Antiga e por toda a Eurásia. Consistia em duas estruturas de madeira (que poderiam ser em forma de “A”), onde era acoplada uma enorme viga (braço lançador), com uma ponta tendo o lançador, que poderia ser um tipo de concha ou uma funda; enquanto a outra extremidade possuía várias cordas.

    O seu funcionamento era simples: O braço lançador ficava naturalmente em posição devido à seu peso, os projéteis eram carregados na concha, em seguida um grupo de homens puxava as cordas da outra extremidade, fazendo o braço lançador girar no eixo e arremessar o projétil. Devido a sua simplicidade, a taxa de disparos era alta, porém o requisito de mão de obra para operar a máquina era alto: Poderia variar entre 50 homens nas versões menores, até 250 homens em versões maiores, todos tendo que trabalhar em conjunto.

    Trabuco

    O Trabuco (original Trebouchet), era uma evolução da Manganela, com uma construção muito semelhante, porém com uma diferença substancial: O uso de contrapesos ao invés de força humana para disparar, sendo por isso também chamado de Trabuco de Contrapeso. Seu design era basicamente o mesmo de uma Manganela: Duas armações em forma de A, onde um longo braço era apoiado em um eixo. A diferença estava no lado mais curto desse braço, onde no lugar de cordas para puxar, havia um cesto de madeira onde eram inseridas pedras, funcionando como contrapeso.

    Usando uma corda e manivelas, os operadores baixavam o braço enquanto levantavam o contrapeso. O braço era mantido no lugar por uma corda, e os projéteis eram colocados no trilho de madeira que ficava abaixo da estrutura. Quando a corda que prendia o braço era solta, a força da gravidade fazia o contrapeso descer e arremessar o projétil com mais força e velocidade do que uma manganela, aumentando sua potência e alcance.

    Devido à sua complexidade, era mais difícil de produzir e operar, além de ter um tempo de carregamento muito maior que uma manganela, porém possuía uma precisão muito maior.

    Espringale

    A Espringale é uma artilharia medieval usada no Império Bizantino no século XI e no Ocidente no século XII. Seu sistema de funcionamento era semelhante ao de uma Ballista, porém ao invés de braços virados para o lado de fora, possuía 2 braços internos, montados em “molas” de tendões torcidos.

    Era construída em uma estrutura retangular de madeira, com 2 braços virados para dentro, montados em molas de torção feitas com tendões. Era armada usando uma manivela com uma barra de ferro com uma garra, que puxava a corda da Espringalda por sobre um trilho de madeira. Uma vez armada, um dardo era colocado no trilho e a alavanca de disparo do mecanismo era puxada, lançando o dardo com muita força e velocidade.

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