Esse filme bizarro foi gravado na Disney

Randy Moore era apenas um jovem diretor audacioso que tinha uma missão nada simples: filmar um filme de terror dentro dos parques da Disney. E ele conseguiu. Moore foi movido por um sentimento nostálgico, por amar as atrações do parque e lembrar da época em que seu pai o levava para se divertir. E também pela clara ironia e subversão em fazer um filme de terror no “lugar mais feliz da Terra”.

Então, em 2013, com apenas US$ 650 mil, foi lançado “Escape From Tomorrow”.

Na trama, acompanhamos Jim em férias com sua família na Disney. Porém, subitamente, ele recebeu uma ligação informando de sua demissão do trabalho. A partir daí coisas bizarras acontecem.

O mais interessante sobre o filme, tanto conceitualmente quanto literalmente, é o fato de ter sido gravado na Disney. Mesmo que totalmente de forma clandestina, o trabalho de edição faz um bom trabalho em juntar as cenas fazendo a gente crer que o filme se passa em tempo real na Disneylândia.

O fato de ter um orçamento precário atrapalha um pouco na questão do acabamento, sendo que em muitas cenas é perceptível ver que foram gravadas em uma tela verde. Além disso, o longa conta com cenas de pessoas fantasiadas de personagens do estúdio Disney, que claramente foram gravadas de forma separada, como a cenas onde alguns chineses assediam atrizes vestidas de princesas.

Falando conceitualmente, o personagem de Jim surtar e não estar nem um pouco feliz em um ambiente como a Disney tem muito a dizer sobre o tema do filme e o contraste com o ambiente. Valeu a pena se arriscar e gravar dentro da Disney em nome da comunicação da história do filme. Porém, para por aqui.

O fato de ser conhecido como “o filme de terror gravado na Disney” é porquê essa é a única coisa que conseguimos falar sobre a obra. Na minha percepção, observando o trabalho de Randy Moore, é possível notar que ele não tem muita referência em terror. Sua obra transita muito mais em algo surrealista, como alguns filmes do David Lynch.

“Escape From Tomorrow” é como um pesadelo: muita coisa sem sentido acontece e Jim, interpretado pelo próprio Randy Moore, é um personagem o tanto quanto difícil de se conectar.

Após descobrir a sua demissão, o personagem entra numa espécie de crise da meia idade, e começa a ter atitudes deploráveis, como perseguir duas adolescentes no parque, ou trair sua esposa enquanto sua filha aguarda na sala do quarto do hotel.

Talvez o longa fosse mais lembrado se algo de competente tivesse sido feito com esse conceito. Nada muda no longa o fato de ter sido gravado na Disney. Não existe aqui nenhuma crítica se quer à segurança do local, ou ao fato de existir um consenso forçado de que você precisar ser feliz.

Nada de que acontece no filme é de fato culpa da Disney. Não temos referência a nenhuma das muitas teorias da conspiração ou das polêmicas que envolvem o local, tornando essa experiência, no mínimo, frustrante.

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