Filmes de terror que foram feitos para crianças

Outubro, como já sabemos, é o mês do Halloween, mas aqui no Brasil também é o mês das crianças. Temas como o infantil e o terror podem parecer opostos, mas vamos que podem sim andar lado a lado: não é novidade usar crianças ou algum aspecto da infância para causar medo.

A lembrança de uma época mais frágil e indefesa pode trazer de volta antigos medos ou mudar nossa perspectiva do que pode ser assustador. Guillermo Del Toro é um diretor de filmes que gosto de definir como “contos de fadas sombrios”. Sua obra mais notória nesse estilo é “O Labirinto do Fauno” que pode ser considerado uma versão subversiva de “Alice no país das maravilhas”.

Na história, uma garotinha encontra um mundo mágico enquanto luta contra a opressão do seu padrasto, um general Nazista implacável. Del Toro usufrui de figuras fantásticas, como fadas e duendes e de música calma com notas suaves de piano, para estabelecer o aspecto infantil e conseguir fazer terror com isso.

Diabo em forma de criança

Afirmando aqui outra coisa que não é exatamente novidade: crianças assustadoras também funcionam, talvez por considerarmos crianças como inocentes, essa distorção tem a ver com o medo do desconhecido. Assim, filmes como “Cemitério Maldito” e “A Profecia” possuem crianças malignas onde o fator assustador está muito mais no elemento surpresa, já que nesses exemplos, o perigo das crianças vai aparecendo com o tempo.

E até mesmo, quando não são exatamente crianças como por exemplo o boneco Chucky ou a recente Megan, que são bonecos e robôs respectivamente, possuem um visual infantil lembrando uma criança. Quero lembrar aqui também de um longa pouco conhecido chamado “Baby Ruby” onde uma mulher que acabou de dar a luz sente que seu bebê está tentando matá-la. Apesar de usar a criança como elemento ameaçador e valer a lembrança aqui, ele está muito mais atrelado a maternidade do que a infância, e isso é assunto para um outro texto.

Explicado como os dois elementos se encontram, predominando o terror, vamos fazer o inverso. Vou citar exemplos de como um filme infantil pode ser para criança e de terror ao mesmo tempo, sabendo casar conceito e elementos em perfeito equilíbrio.

A Casa Monstro

Quero começar com um dos meus favoritos. “A Casa Monstro” foi lançado em 2006, com direção de Gil Kenan. Na história, três jovens tentam provar que a casa da vizinhança está viva e impedir que ela faça mais vítimas.

Com uma temática de Halloween e usando o outono na paleta de cores, estação em Estados Unidos se encontra na data comemorativa, “A Casa Monstro” é uma aventura intrigante e colorida o suficiente para atrair a atenção de adultos e crianças.

Ao mesmo tempo que é divertido e engraçada, carrega em si a profundidade de uma história sobre amor e responsabilidade enquanto crianças, em fase de transição para adolescência, tentam provar seu valor em um cenário onde nenhum adulto acredita.

O visual da monstruosa casa é um show aparte, cada detalhe de sua fachada é um detalhe que forma o rosto assustador. Com inspiração em história que lembram Steve Spielberg como “Goonies” e “ET” temos aqui a perfeito fusão que pode inclusive despertar o interesse das crianças e fazer elas superarem o medo.

Coraline

“Coraline” é uma recomendação obrigatória. Adaptado de uma obra do escritor Neil Gaiman o longa é uma animação em stopmotion dirigido por Henry Selick.

Antes de falar da trama quero exaltar alguns acertos que tornam “Coraline” memorável. A escolha do estilo stopmotion, a técnica de fazer animação filme bonecos quadro a quadro é belíssima e contribui para a estranheza do filme, além disso o longa poderia sim ser uma história de terror puro, mas trazer o público mais infantil para ele, contribui para o conceito apresentado.

Agora sim vamos a trama. Ao explorar a casa nova, a jovem Coraline descobre uma porta secreta, ao atravessá-la ela vai parar no mundo ideal, seus pais são mais legais e lá ela tem tudo que quer, só tem um detalhe, todos lá possuem botões nos olhos, e cada vez mais fica difícil voltar para a realidade.

Muito importante que “Coraline” tenha sido concebido como um terror e ao mesmo tempo como um filme infantil. Afinal, expor os desejos e o modelo de mundo ideal da protagonista de forma que dialogasse com o público mais jovem é importante para entender o pensamento da personagem e o que leva ela a ser atraída por doces, brinquedos e ter pais com comportamentos próximos aos seus.

A Noiva Cadáver

Seria difícil escrever sobre esse tema e não citar alguma obra de Tim Burton. Cineasta parece se especializar em produções sombrias e infantis de maneira primordial, até mesmo sua versão de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” tem lá seus momentos sombrios.

A escolha aqui é “A Noiva Cadáver”. Pessoalmente, eu acho o longa mais engraçado de Burton, e além disso ele consegue de forma leve, falar sobre a morte e amor em diversos níveis. Na trama, o jovem Victor ao ensaiar seus votos de casamento na floresta, por acidente sela um pacto com Emily, uma jovem noiva já falecida que aguarda a anos seu pretendente.

A trama se desenrola entre o mundo dos vivos e mundo dos mortos. Victor tenta voltar para sua realidade enquanto descobrimos o que aconteceu com Emily quando era viva.

Como falado antes, Burton sabe muito bem equilibrar os tons de seus filmes. Tanto que assuntos considerados pesados para crianças são tratados aqui com naturalidade, além de morte e assassinato, também temos exploração financeira e, de certo modo, preconceito, se levar em consideração como são tratados os mortos em determinado momento do filme.

Em conclusão eu não estou querendo dizer que o terror é primordial para as crianças, mas sim a variedade de gêneros em si. Apresentar obras diversas com diversos pontos de vistas acaba por ser interessante não só para as crianças mas também para os pais que as acompanham. E como alguém que passou a infância na frente da TV, por ser a única babá que me fazia parar de encher o saco, eu afirmo que, a presença dos pais faz a diferença.

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