Alguns dos piores babacas que já existiram

Este artigo foi difícil de escrever. Quando a ideia surgiu, nós do Cova Aberta pensamos: “boa, por que não?”. Mas aí quando as pesquisas começaram que veio aquele choque de realidade: como pinçar apenas alguns dos piores babacas que já existiram, sendo que a gente tem uma pletora de exemplos? Quais vão ser os critérios? E logo no primeiro dia de pesquisa tinha já uma lista com mais de 30 nomes para abordar, dentre pessoas envolvidas em polêmicas pesadas e comprovadas até mesmo assassinos em série e ditadores.

Assim, para dar uma diversificada, chegamos ao número de três pessoinhas que, conforme vocês vão conferir em seguida, são completamente desprezíveis. Tentamos ao máximo fugir de nomes óbvios. E também, para dar uma melhor organizada na casa, também resolvemos deixar aqueles ditadores de fora. Sem mais enrolação, vamos conhecer algumas das piores pessoas que já existiram.

Hunter Moore

O que dizer de um cara que ganhou um documentário da Netflix que tem o nome de “O Homem Mais Odiado da Internet”? Logo vai ficar claro o porquê de Hunter Moore ter ganho esse título. Mas vamos do começo.

Em 2010, Hunter Moore criou o site “Is Anyone Up”. A plataforma se destacava por publicar fotos explícitas de pessoas sem o seu consentimento, muitas vezes acompanhadas de informações pessoais, como endereço residencial e redes sociais. Além disso, o site permitia que usuários enviassem e compartilhassem essas imagens de forma anônima, o que levou a muitos casos de “revenge porn”. E aqui uma explicação: sabe quando um ex enciumado publica vídeos íntimos e fotos da antiga namorada? Isso é um caso de “revenge porn”, ou seja, a “pornografia da vingança”. E o site do Hunter Moore possibilitou um lugar perfeito para esse tipo de coisa.

Vale destacar aqui que, antes de criar o “Is Anyone Up?”, Hunter Moore já era bastante conhecido por sua presença online e atividades em várias plataformas. Ele sempre foi uma figura polêmica, mas foi principalmente através desse site que ele se destacou de forma tão negativa. Aliás, ainda é possível achar ainda pela internet os vários vídeos antigos dele ostentando em festas e agindo como um completo babaca, principalmente na forma como tratava as outras pessoas e, especialmente, as mulheres. Só que, por algum motivo, ele tinha muitos fãs e admiradores nessa época justamente por conta desse jeito espontâneo e libertino de viver. Não era incomum, inclusive, ver pessoas postando segurando placas com o nome dele ou então com o nome dele escrito no próprio corpo. Algumas inclusive se denominavam “escravas” de Hunter Moore.

Quando o “Is Anyone Up?” foi lançado, uma das principais polêmicas levantadas, além do revenge porn, foi o fato de que começaram a surgir no site diversas fotos íntimas de garotas que não haviam mandado para ninguém. Esse foi o caso da filha de Charlotte Laws em meados de 2010. O caso acabou despertando a ira da mulher, que moveu uma investigação contra Hunter Moore e reuniu provas de que ao menos 40 mulheres tiveram fotos íntimas postadas no site, mas que de alguma forma essas mesmas fotos foram coletadas através de alguma invasão em suas contas pessoais. Em outras palavras, elas foram vítimas de um hacker.

E aqui vale um parênteses: antes de promover essa investigação particular, Charlotte tentou conversar com Hunter Moore e intimar ele judicialmente, mas os advogados na época alegaram que ele não tinha cometido nenhum crime. De acordo com a lei americana, Hunter Moore estava apenas disponibilizando uma plataforma e os responsáveis pelos conteúdos era quem havia publicado, e não o dono do site. Isso acabou dando retaguarda para que ele pudesse atuar durante o tempo que o “Is Anyone Up?” esteve ativo.

Voltando ao caso das fotos hackeadas. Como a polícia não tinha qualquer jurisdição para remover o site do ar, a única arma que Charlotte tinha era justamente o fato de que algumas das fotos do site foram obtidas por meios ilegais. No meio disso, foi descoberto que Hunter Moore pagou para um hacker chamado Charles Evens invadir contas de e-mail e conseguir fotos para o site. O hacker conseguiu essas fotos invadindo contas de e-mail que tinham alguma vulnerabilidade e, procurando nas pastas, acabou por ventura encontrando as fotos íntimas que as meninas tinham guardado. Provavelmente, se não fosse por essa acusação de hacking, talvez Hunter Moore tivesse feito ainda mais estrago com seu site.

Nesse meio tempo, foi promovido um debate entre Hunter Moore e Charlotte Laws na televisão. E a atitude babaca dele em rede nacional foi o divisor de águas para que muita gente que idolatrava ele percebesse o quanto ele era desprezível. Aí que as coisas começaram a mudar para ele. Além, é claro, da investigação que foi empregada pelo FBI a partir das denúncias feitas por Charlotte.

O “Is Anyone Up?” foi fechado em abril de 2012 e vendido para um grupo antibullying, mas a história ainda estaria longe de acabar. No dia 28 de novembro de 2012, Hunter Moore afirmou que lançaria um novo site que incluiria informações de endereço. Isso levou Charlotte a tornar público o endereço residencial de Moore no Twitter. Isso o enfureceu, que começou a ameaçar arruinar a vida da mulher. Ela passou a receber ameaças de morte, teve seu computador infectado por vírus e inclusive um stalker apareceu em sua casa. Contudo, hackers afiliados ao Anonymous auxiliaram a mulher, invadindo servidores e postando as informações pessoais dos assediadores.

Moore acabou enfrentando vários processos judiciais e uma investigação do FBI até que finalmente, em dezembro de 2015, ele foi condenado a dois anos e meio de prisão. Ele também foi obrigado a se submeter a uma avaliação de saúde mental enquanto estava preso. Em 2017, ele acabou sendo libertado da prisão e se mantém discreto hoje em dia. Hunter ainda está banido do Facebook, mas está ativo no Twitter na conta @_iamhuntermoore, publicando muitas vezes selfies na academia e fotografias do seu cão. Jogando o nome dele no Google, é possível encontrar a conta do Instagram de Hunter Moore, mas ela não é atualizada desde 2014 e na bio é possível ler a frase: “Um garoto cristão de uma cidadezinha”.

Um dos tuites mais recentes dele diz o seguinte: “Olhem, eu cumpri o meu tempo atrás das grades. Vivo a minha vida pacificamente agora, tem sido uma década a pensar sobre o que aconteceu. Alguns de vocês amam-me, a maioria de vocês odeia-me, se quiserem que eu peça desculpas bem, não vou fazer isso. Eu não devo nada a ninguém.” Aparentemente, ele não se arrepende de nada.

Atualmente, ele tem quase 40 anos de idade e, por mais que tenha concordado em participar do documentário, ele posteriormente recusou. E se não se convenceu de que Hunter Moore é uma das pessoas mais desprezíveis que já existiu, recomendo assistir ao documentário da Netflix. Lá é possível ver por si só o estrago que esse cara fez na vida de tanta gente e ainda se orgulhou disso.

Euronymous

Vocais guturais, letras satânicas e crimes violentos. Essas seis palavras seriam o suficiente para fazermos um sobrevoo na história da banda “Mayhem”, que foi uma das mais importantes do cenário do black metal norueguês nos anos 1980 e 1990. Só que vamos focar no guitarrista e fundador da banda, o Øystein Aarseth, mais conhecido como Euronymous. E que fique claro aqui: ninguém está questionando qualquer valor artístico ou musical do guitarrista, mas sim citando as diversas polêmicas e crimes que ele esteve envolvido. E esses casos vão demonstrar que esse cara foi um dos maiores babacas que já existiu no mundo. Mas vamos do começo.

Euronymous, como já dito antes, foi o fundador da banda norueguesa de black metal Mayhem e ajudou a definir o som brutal que caracteriza esse subgênero do metal. Ele tinha um jeito bastante inovador de tocar guitarra e deixou sua marca na história da música. Há quem goste e há quem não goste, mas é inegável a inovação que ele lançou.

Ele nasceu no dia 22 de março de 1968 em Oslo, capital da Noruega e desde cedo mostrou talento para música. Aos 14 anos, ele co-fundou a banda que se tornou pioneira no cenário emergente do black metal. O álbum de estreia de Mayhem se chamava “Deathcrush”, lançado em 1987. O black metal norueguês começou a ganhar notoriedade a partir daí e não apenas por sua música extrema, mas também pela atmosfera caótica que envolvia seus protagonistas. E nesse grupo estava o Euronymous.

E antes de continuar falando sobre o guitarrista, vamos fazer uma pequena pausa para falar sobre o vocalista do Mayhem, o Per Yngve Ohlin, mais conhecido como “Dead”. Dead era conhecido por ter um estilo de vocal extremamente visceral e único, o que contribuiu para a sonoridade crua e agressiva do Mayhem. Ele usava maquiagem pesada durante as apresentações ao vivo, criando uma imagem que complementava a atmosfera obscura. O apelido “Dead” (“morto”, em inglês) não era apenas um nome de palco. Ele tinha uma fascinação pela morte. Essa obsessão com a morte contribuiu para a aura macabra da banda. E apesar de em palco ter uma performance bastante agressiva, de acordo com os relatos, na vida privada ele era uma pessoa bastante depressiva.

E isso infelizmente teve um fim trágico e daí que vamos voltar a falar sobre o Euronymous. No dia 8 de abril de 1991, Dead veio a morrer após atirar na própria cabeça com uma espingarda de caça. Na época, ele morava em uma cabana em uma área florestal de Oslo junto dos demais membros da banda. E advinha quem foi o primeiro a descobrir o corpo? Pois é: o Euronymous. E acha que ele chamou a polícia ou uma ambulância depois disso? Bom, se prepare para a bomba: ele foi até o centro da cidade, comprou uma câmera e tirou fotos do cadáver do Dead. E como se isso não fosse o suficiente, em 1995 foi lançado o álbum Dawn of the Black Hearts, sendo que a capa era uma das fotografias tiradas do corpo do vocalista. Pois é.

Mas aqui precisamos colocar um parêntese: não foi exatamente decisão do Euronymous de usar essa foto na capa do álbum, pois ele acabou sendo assassinado em 1993 por Varg Vikernes, da banda Burzum. Mas vamos chegar lá em um momento.

E como se não bastasse, Euronymous também se envolveu em diversas outros crimes ao longo da sua vida. Existia uma grande rivalidade entre as bandas de black metal da Noruega para ver qual conseguia ser a mais extrema e mais sombria. Dessa forma, vários membros, especialmente o Euronymous, começaram a se envolver com ocultismo e satanismo. E dentro dessa competição, de acordo com os relatos e investigação da época, vários crimes foram cometidos, como assassinato de homossexuais e principalmente incêndio a igrejas cristãs. E não foram poucas, sendo que ao menos umas 15 igrejas foram incendiadas nessa “brincadeira”. Além disso, várias figuras dentro do black metal norueguês, também adotavam a ideologia do bigodudo austríaco que liderou a Alemanha na segunda guerra mundial.

Mas eu tinha falado que o Euronymous foi assassinado em 1993, não é mesmo? Então, este é mais um dos capítulos sombrios envolvendo a vida do músico. Na noite de 10 de agosto de 1993, Varg Vikernes e Snorre Ruch, da banda Blackthorn, viajaram até o apartamento de Euronymous em Oslo. O encontro resultou em uma discussão e Varg acabou o esfaqueando. É válido destacar aqui que ninguém sabe ao certo o que levou ele a assassinar o Euronymous, sendo que ele mesmo alegou legítima defesa. Contudo, o laudo médico indicou diversas facadas foram dadas nas costas do guitarrista, que foi encontrado na escadaria do lado de fora do seu apartamento. Foi especulado que o assassinato aconteceu devido a uma disputa contratual sobre as gravações do Burzum. Vikernes negou todas as acusações, alegando ter atacado Euronymous apenas para se defender. Ele disse que Euronymous havia planejado atordoá-lo com uma arma de choque, amarrá-lo e torturá-lo até à morte enquanto gravaria o ocorrido em vídeo.

E fica uma curiosidade: em março de 2023, a banda Mayhem foi expulsa e proibida de tocar em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Essa situação aconteceu depois de um professor de filosofia publicar nas redes sociais que a casa de shows iria “receber uma banda nazista”, uma vez que os atuais membros da banda infelizmente são declaradamente extremistas. Isso chamou atenção de um deputado, que replicou as acusações e logo em seguida a polêmica foi instalada e o show acabou sendo cancelado.

Graham Young

Bom, não daria para não incluir um serial killer nesta lista, apesar de termos evitado ao máximo. Contudo, para fugir um pouco dos nomes mais óbvios que vêm à nossa mente, vamos falar um pouco sobre um envenenador compulsivo chamado Graham Young. É interessante notar justamente este método de assassinado empregado: envenenamento. Normalmente o uso de toxinas é um método mais utilizado por assassinas, sendo que isso se observa ao ler a respeito das mulheres homicidas em série.

Graham Frederick Young nasceu em setembro de 1947 em Londres, na Inglaterra. A mãe dele morreu apenas três meses após seu nascimento, e seu pai ficou sem condições psicológicas de criar tanto o Graham quanto a irmã mais velha. Assim, os dois foram divididos, sendo que Graham foi enviando para viver com os tios, enquanto sua irmã mais velha, Winifred, foi morar com os avós. Pelo fato de ser muito apegado aos tios, o menino ficou bastante incomodado quando voltou a viver com o pai e a madrasta, essa que ele sempre teve um relacionamento problemático.

Desde bem pequeno ele gostava de ler histórias sobre envenenadores. E também, desde muito cedo, ele também desenvolveu admiração por Adolf Hitler e a ideologia nazista (mais um pouco ele lançaria a própria banda de black metal). De acordo com os relatos, ele começou a testar seus venenos em gatos quando ainda era criança, sendo que ele conseguia extrair os ingredientes de perfumes e remédios. Isso mostra o quanto ele era inteligente e talentoso para química e, quem sabe, teria contribuído bastante se usasse esse talento para o bem.

Já aos 13 anos, ele tinha um conhecimento considerável sobre química e, especialmente, venenos. Ele inclusive se passava por mais velho em lojas de química de Londres justamente para poder comprar os produtos. Graham dizia que estava fazendo estudos de sala de aula e por isso precisava disso. Segundo os registros, a primeira vítima de envenenamento foi o vizinho da família, que tinha sua idade. Graham acompanhou de perto os efeitos da toxina no menino, mas por sorte ele não morreu.

Em 1961, já aos 14 anos de idade, Graham começou a testar os venenos na própria família. Ele espalhava veneno na comida na família, mas acabou que, no fim, até mesmo o próprio menino acabou sendo envenenado. Dois amigos de escola também foram vítimas dele, mas, pelo menos até esse momento, ninguém morreu. Naquele mesmo ano, a irmã do Graham sofreu uma intoxicação grave por beladona e chegou a ser hospitalizada. O pai deles chegou a desconfiar e confrontar o menino, até mesmo revistando o quarto dele. Só que ele não encontrou nada incriminador e acabou engolindo a explicação do menino.

Na Páscoa do ano seguinte, a primeira vítima fatal de Graham foi feita e ela foi a própria madrasta do garoto, Molly, que morreu vítima de envenenamento. A essa altura, as pessoas já desconfiavam dele e o professor de química do menino acabou encontrando os venenos no meio dos materiais escolares dele. Isso acabou levando Graham à prisão em um sanatório, onde confessou as tentativas de assassinato da própria família. Só que os restos mortais de sua madrasta não puderam mais ser analisados, porque ela havia sido cremada e, no momento de sua morte, não suspeitaram de envenenamento.

Mesmo no sanatório, Graham não parou de estudar a respeito de venenos. Aliás, pelo fato da péssima fiscalização do local, ele tinha acesso a documentos médicos e conseguiu ampliar ainda mais o conhecimento. Ele inclusive conseguia produzir as toxinas mesmo preso e costumava se gabar que era capaz de extrair cianeto de folhas de louro. E é claro que ele não parou de envenenar pessoas. Diversos detentos e funcionários do sanatório foram intoxicados durante os nove anos que passou lá, sendo posteriormente ligado a morte de um dos colegas. Só que, mesmo assim, em 1971, ele acabou sendo colocado em liberdade e já não era mais considerado um perigo para a sociedade.

De volta às ruas, naquele mesmo ano ele começou a trabalhar em um laboratório que fabricava lentes infravermelhas para equipamentos militares. No trabalho, ele começou a fazer chás misturados com veneno para os colegas e ao menos mais de 70 pessoas foram intoxicadas, apresentando diversos sintomas como dores de barriga e problemas no sistema nervoso. O chefe de Graham e um colega de trabalho acabaram morrendo nesse envenenamento.

Nesse ponto, uma investigação começou a ser feita e as autoridades começaram a suspeitar de Graham quando ele questionou os médicos se havia a suspeita de envenenamento por tálio. Isso era bastante específico e logo alertou a todos. Um colega de trabalho acabou denunciando Graham em novembro de 1971 e ele foi preso novamente. Foi encontrado tálio em suas coisas e também um diário que ele mantinha a respeito das doses administradas, os efeitos e consequências nas vítimas. Graham acabou sendo condenado a prisão perpétua e morreu em 1990, vítima de um infarto.

O que chama atenção na história de Graham Young e porque colocamos ele aqui nessa lista de pessoas desprezíveis é que, diferente da maioria dos serial killers, ele não teve uma criação conturbada. Além disso, o método usado por ele era de uma crueldade fria. Entendo que isso aqui é bastante subjetivo e alguém pode pensar que outros métodos de assassinato são piores e isso é totalmente compreensível. Só que aqui elevamos um pouco o grau de “desprezibilidade” em Graham Young justamente pelo conjunto da obra.

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