Em 1914 iniciou o maior e mais terrível conflito já visto até então: A Primeira Guerra Mundial. O que não faltam são relatos da brutalidade, da violência, das trincheiras e armas químicas. Mas há um fato que destoa e se destaca dos outros: A Trégua de Natal. Após cinco meses de combate, nas proximidades de Ypres, na Bélgica, ingleses, alemães e franceses estabeleceram um cessar fogo na semana do Natal, deixando suas trincheiras para trocar saudações, cantar canções de Natal e trocar presentes.
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O início da trégua
Com o fim da movimentação das tropas após a corrida para o mar e o estabelecimento das trincheiras, os exércitos inimigos ficaram posicionados muito próximos uns dos outros, com apenas a “terra de ninguém” os separando, mas bem ao alcance da voz. A título de curiosidade, este lugar chamado de “terra de ninguém” era o espaço entre as trincheiras, na qual era quase impossível transitar em segurança.
Nesse contexto, durante a semana do Natal, tropas alemãs começaram a colocar pequenas árvores de Natal em suas trincheiras, decoradas com velas, e cantar canções de Natal. Em seguida, as tropas britânicas começaram a cantar suas próprias canções natalinas. Depois, começam a trocar saudações, com os votos de “Feliz Natal” ecoando de uma trincheira à outra.
Encorajados por esses momentos, alguns soldados começam a sair de suas trincheiras em direção à terra de ninguém, desarmados, de maneira espontânea, apertar as mãos e desejar feliz Natal para os inimigos da véspera. Então foram firmados acordos de cessar fogo, ao menos durante o período do Natal, para que os soldados pudessem sair de suas trincheiras, resgatar feridos, enterrar os mortos, quando foram realizados funerais conjuntos.
As artilharias silenciaram, os soldados de ambos os lados se reuniram na terra de ninguém para conversar, trocaram presentes (comida, cigarros, bebidas e suvenires) e até mesmo algumas partidas de futebol foram organizadas. Na manhã de Natal, foi realizada uma Missa onde britânicos e alemães participaram lado a lado.
Segundo alguns cálculos, cerca de 100 mil homens, entre britânicos, alemães e franceses, participaram da trégua de Natal. Há dezenas de relatos em cartas e fotografias que comprovam o ocorrido, que brilha como um momento de fraternidade em meio à barbárie da guerra.
Apesar de ser um belo fato, houve diferentes reações ao ocorrido quando foi noticiado na época. Quando a imprensa começou a publicar as cartas e fotografias, a população civil dos países envolvidos recebeu bem a notícia. Porém, os oficiais do alto comando dos exércitos encarou como uma atrocidade, agindo para impedir que nos anos seguintes algo semelhante pudesse ocorrer e buscando punir quem tentasse algo parecido.