Acredito que poucos filmes tenham despertado minha curiosidade tão rápido quanto “Acompanhante Perfeita”. A primeira vez que vi o trailer foi um mês antes de sua estreia e ele tem um clima todo de comédia romântica, mas por algum motivo eu sabia que se tratava de uma ironia quando vi o ator Jack Quaid, de “The Boys”, no elenco. Acontece que, existem diferentes trailers do longa com diferentes informações, o que eu vi mostrava o casal protagonista se conhecendo e após isso a atriz Sophie Thatcher algemada em uma cadeira. Porém, em outros trailers, já mostrava o casal formado indo visitar amigos em uma casa isolada e as coisas saindo de controle aos poucos.
A sinopse diz que o longa é: “Uma história de romance com pitadas de suspense e terror, onde um casal nada convencional lida com a obsessão durante uma aventura inusitada”. É impossível deixar de lado essa parte do marketing do longa na análise, pois claramente existe um esforço em esconder um elemento crucial da obra. Esforço esse que se perde em algum momento, se você procurar o suficiente vai achar um trailer que entrega esse elemento, algo que não recomendo que faça é que propositalmente vou manter ele escondido aqui.
O casal protagonista é Iris e Josh, e eles estão nessa viagem para visitar amigos em uma casa no lago. Iris se mostra extremamente preocupada com a situação e aqui com um diálogo inicial já sabemos a dinâmica do casal. Iris parece ter uma dependência emocional que a força a fazer tudo pelo seu namorado, ao mesmo que a da coragem para enfrentar esses eventos sociais que a incomodam. Já Josh, é cheio de confiança, ainda que não faça o tipo galã mas sim o típico palhaço do grupo, carrega a relação com seu carisma.

Os outros membros do grupo são, Kat, Patrick, Eli e Sergei. No momento que o personagem de Sergei aparece, sabemos que estamos diante de um longa com tons de comédia, o personagem é muito caricato e possui tantas informações que apenas sua aparência, sem precisar falar nada, já me arrancou risadas.
Personagens apresentados e vamos para uma sequência de diálogos filosóficos sobre o amor, que até então parece ser o tema central, e como cada um o encara. Kat é uma sugar baby, e admite que usa Sergei e seu dinheiro assim como ele a usa para transar. Eli e Patrick são um casal gay, sem nenhum clichê envolvido. Durante a história de como se conheceram, Patrick tem dificuldade em dizer como se sente, então ele é interrompido por Iris que começa um monólogo sem cortes, dando pistas de uma possível obsessão.
Tudo isso acontece cerca de 15 a 20 minutos do longa, de fato as coisas não demoram para ir de mal a pior, e quando finalmente saem do controle, temos aqui a verdadeira face do longa. Sua violência é gore é tão repentina que se torna inesperada até para quem toma spoiler do filme, assim como seu tom de comédia se acentua mediante a tantos absurdos.
“Acompanhante Perfeita” é o primeiro longa de destaque do diretor e roteirista Drew Hancock. A direção é bem “sóbria” e de cara da pra notar que não gosta de esconder nada. A cinematografia é bem clara e as roupas e cenários são coloridos, talvez para fazer contraste com a violência do longa. Porém, o roteiro de Hancock é cheio de nuances e parece ansioso para nos entregar algo. Desde o início tudo que é mostrado sendo usado pelos personagens é eletrônico, de carros até mesmo saca-rolhas e escovas de dentes, e nada disso é por acaso.

O uso da tecnologia excessiva demarca ainda mais a ideia de dominância de certos personagens, fazendo um paralelo que se torna literal na primeira reviravolta. Reviravolta essa que conforme o longa avança se demonstra cada vez mais apressada. Hancock parecia ansioso ao mostrar para seu público o que tanto o material de divulgação escondia. Tão ansioso que até tenta fazer outras ali no meio mas sem o mesmo impacto.
Após essa virada também dá pra notar uma clara distinção do roteiro e de como ele lida com os personagens, fazendo parecer até mesmo que não estamos vendo o mesmo filme. Apesar do roteiro não saber lidar muito bem com diferentes tons dos gêneros do filme, fazendo com que ele fique um pouco vazio, “Acompanhante Perfeita” é um divertido suspense que pode tanto deixar tenso quanto arrancar risadas, uma pena que não tenha se contido no seu plot twist.