Momentos bizarros do futebol brasileiro

Sendo uma das maiores paixões do brasileiro, o futebol possui décadas de história. O esporte passou por diversos momentos, desde os gloriosos, difíceis, trágico e, é claro, bizarros. Afinal de contas, uma modalidade que possui tantos anos de estrada seria natural que algumas coisas inusitadas fossem acontecer em algumas ocasiões.

O disco voador do Morenão

Além deste ser um dos casos ufológicos mais intrigantes, também foi um dos que foi testemunhado por uma grande quantidade de pessoas ao mesmo tempo.

No dia 6 de março de 1982, durante uma partida entre Operário-MS e Vasco da Gama, no Estádio Morenão, em Campo Grande (MS), aproximadamente 24 mil torcedores testemunharam um fenômeno inusitado: luzes multicoloridas pairando sobre o estádio. O evento, que ocorreu durante a segunda fase do Campeonato Brasileiro, chamou a atenção de todos os presentes e rapidamente se tornou um dos avistamentos coletivos de Ovnis mais notáveis da história da ufologia. O pior de tudo é que não existem fotos nem gravações do acontecimento, sendo apenas o testemunho dos que estavam presentes

Um ufólogo chamado Ademar José Gevaerd, ao tomar conhecimento do ocorrido, foi até Campo Grande para investigar o fenômeno. Ele coletou diversos relatos de testemunhas que descreveram as luzes como algo além da tecnologia conhecida na época. Gevaerd destacou a importância do evento, considerando-o um marco na história da ufologia, devido ao grande número de testemunhas presentes. Contudo, a ausência de registros dificulta a investigação.

Décadas após o incidente, o “Ovni do Morenão” continua a intrigar pesquisadores e entusiastas do fenômeno ufológico. Embora não haja registros fotográficos ou vídeos do acontecimento, os relatos consistentes dos espectadores mantêm o episódio vivo na memória coletiva. O caso é frequentemente citado em estudos e documentários sobre avistamentos de Ovnis no Brasil, reforçando sua relevância no contexto da ufologia nacional.

O lendário gol de Pelé

Um dos casos de lost media mais famosos dentro da comunidade brasileira se trata do gol mais bonito marcado pelo Rei Pelé.

No dia 2 de agosto de 1959, ele marcou um dos gols mais lendários de sua carreira durante uma partida entre Santos e Juventus, válida pelo Campeonato Paulista. O jogo, disputado no estádio da Rua Javari, já estava 3 a 0 para o Santos quando, aos 87 minutos, o Rei do Futebol recebeu um passe de Dorval e protagonizou um lance espetacular. Em uma sequência impressionante, driblou um zagueiro, aplicou três chutes consecutivos sem deixar a bola cair — dois nos zagueiros e um no goleiro Mão de Onça — antes de finalizar de cabeça para o gol. O lance ficou marcado não apenas por sua genialidade, mas também por inspirar o icônico gesto de comemoração de Pelé, no qual ele pula e soca o ar.

Apesar de sua importância histórica, nenhuma gravação do chamado “Gol do Javari” foi encontrada. Em 2004, durante a produção do documentário Pelé Forever, uma recriação em CGI foi feita para representar a jogada, já que nenhuma filmagem original pôde ser localizada. A explicação mais aceita é que, na época, as transmissões de futebol eram limitadas a poucos estádios com infraestrutura adequada, como o Pacaembu, e que muitos jogos simplesmente não eram gravados. No entanto, alguns torcedores alegam que assistiram ao gol pela televisão, levantando dúvidas sobre a possível existência de um registro perdido.

Uma revelação importante surgiu na autobiografia de um diretor da TV Record, publicada em 2009. Ele afirmou que a emissora possuía sim uma gravação do Gol do Javari, mas que a filmagem foi destruída em um incêndio criminoso, que também consumiu grande parte do acervo de gols históricos do futebol brasileiro. Essa perda transformou o lance em uma das maiores lost medias do esporte, eternizando o gol apenas na memória de quem o viu ao vivo e nos relatos daqueles que o presenciaram.

Assassinato Daniel Corrêa

Agora, vamos falar de um dos crimes mais macabros e com diversas reviravoltas em sua investigação. E tudo isso envolveu o jogador Daniel Corrêa.

O crime aconteceu no dia em 27 de outubro de 2018 e chocou o Brasil pela brutalidade do crime e pelas circunstâncias que o cercaram. Daniel, que tinha 24 anos e passagens por clubes como Cruzeiro, Botafogo e São Paulo, foi encontrado morto em São José dos Pinhais, no Paraná, com sinais de tortura. Seu corpo estava parcialmente decapitado e com o pênis mutilado, indicando um crime de extrema violência. A investigação revelou que a motivação do homicídio estava ligada a um suposto caso extraconjugal envolvendo a esposa de Edison Brittes, empresário que confessou ser o autor do crime.

De acordo com a versão apresentada por Brittes, ele teria flagrado Daniel na cama com sua esposa, Cristiana Brittes, durante uma festa na casa do casal. Alegando que o jogador tentou abusar da mulher, Edison, em um acesso de fúria, espancou Daniel com a ajuda de outras pessoas presentes no local. Depois da agressão, o empresário colocou o jogador no porta-malas de seu carro e o levou até uma área isolada, onde o matou a facadas e mutilou seu corpo. No entanto, as investigações da polícia indicaram que a versão de Edison continha inconsistências, e que o crime teria sido premeditado, descartando a hipótese de legítima defesa.

Ao longo das investigações, Cristiana Brittes e sua filha, Allana Brittes, também foram acusadas de envolvimento no crime, junto a outros suspeitos. Testemunhas afirmaram que Daniel estava alcoolizado e trocou mensagens com amigos antes de ser morto, relatando que estava na casa do casal e sugerindo que havia uma situação favorável para um envolvimento com Cristiana. No entanto, não houve comprovação de que ele tentou qualquer tipo de abuso. Uma das únicas provas a favor da tese de que Cristiana foi abusada foram algumas selfies que Daniel tirou ao lado da mulher dormindo na cama, possivelmente por conta da embriaguez.

O crime gerou ampla repercussão nacional, levando à prisão dos envolvidos e a um longo processo judicial. Em 2022, Edison Brittes foi condenado a mais de 22 anos de prisão por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e coação de testemunhas. Outros envolvidos também receberam penas menores por participação no crime.

A morte trágica de Daniel Corrêa interrompeu prematuramente a carreira de um jovem jogador e deixou uma marca no futebol brasileiro, lembrada como um dos casos mais brutais envolvendo atletas no país. O caso trouxe à tona discussões sobre a violência e a justiça com as próprias mãos, além de destacar os perigos do julgamento precipitado e da exposição em redes sociais.

Margaridas

Existiram dois árbitros do futebol brasileiro conhecidos como “Margarida” e ambos davam um show à parte nos jogos que apitavam.

Jorge José Emiliano dos Santos, conhecido como o primeiro “Margarida”, foi um dos árbitros mais icônicos e excêntricos do futebol brasileiro. Nascido em 1954, no Rio de Janeiro, ele se destacou por sua personalidade irreverente e seu estilo performático dentro de campo. Com gestos teatrais, corridas espalhafatosas e até mesmo interações bem-humoradas com os jogadores, Margarida conquistou torcedores e se tornou uma figura carismática do futebol nos anos 1980 e 1990. Seu apelido foi dado devido ao seu jeito afeminado de atuar, algo incomum na arbitragem.

Apesar de sua popularidade entre os fãs, Margarida enfrentou preconceito e resistência dentro do meio esportivo, especialmente em uma época em que a masculinidade era rigidamente associada ao futebol. Ainda assim, ele se manteve fiel ao seu estilo, tornando-se um símbolo de autenticidade e diversão no esporte. Sua presença nos gramados quebrava padrões e mostrava que o futebol também podia ter espaço para irreverência sem perder a seriedade da competição.

Infelizmente, ele faleceu precocemente em 1995, aos 39 anos, vítima de complicações relacionadas à aids. Seu legado, no entanto, permanece vivo na memória dos apaixonados pelo futebol, sendo lembrado como um árbitro que trouxe cor e alegria aos gramados. Margarida provou que o futebol, além de paixão e rivalidade, também pode ser um espetáculo de entretenimento e expressão individual.

O segundo “Margarida” foi Clésio Moreira dos Santos, que foi um árbitro brasileiro que seguiu os passos do icônico Jorge José Emiliano dos Santos, adotando o mesmo apelido e estilo irreverente dentro de campo. Natural de Santa Catarina, Clésio se destacou no cenário do futebol brasileiro por sua forma única de conduzir as partidas, utilizando gestos teatrais, corridas estilizadas e uma postura bem-humorada, que encantava torcedores e até jogadores. Inspirado no Margarida original, ele levou adiante a tradição de transformar a arbitragem em um verdadeiro espetáculo.

Apesar de seu jeito descontraído e carismático, Clésio sempre manteve o profissionalismo e a seriedade nas decisões dentro de campo. Sua maneira de apitar não apenas entretinha, mas também ajudava a controlar os ânimos em jogos tensos. Atuando em partidas estaduais e nacionais, ele se tornou uma figura conhecida, principalmente no futebol catarinense, onde construiu uma carreira respeitável. Sua abordagem diferenciada ajudou a desmistificar a rigidez da arbitragem, tornando o futebol um ambiente mais leve e divertido para os torcedores.

Mesmo aposentado, Clésio Moreira dos Santos ainda é lembrado por seu legado no futebol brasileiro. Seu estilo inconfundível fez com que sua passagem pelos gramados não fosse apenas marcada por cartões e apitos, mas também por sorrisos e boas lembranças de quem teve a oportunidade de vê-lo em ação. Assim como seu antecessor, ele provou que o futebol pode ser levado a sério sem perder a diversão.

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