Drop: de Hitchcock moderno a melodrama barato

É curioso como muitas vezes uma sensação familiar é o que procuramos. “Drop: Ameaça anônima” é o tipo de filme que se arrisca pouco, mas encontra na simplicidade seu brilho.

Violet é uma mãe viúva que vai a um restaurante para se encontrar com Henry. No entanto, ela logo recebe mensagens de telefone de uma figura misteriosa encapuzada que ameaça matar seu filho pequeno e sua irmã, a menos que ela mate Henry.

Em poucos minutos de rodagem, o filme não demora a mostrar ao que veio. O que parecia ser apenas um thriller psicológico se revela uma trama de crime e mistério, nos moldes de Alfred Hitchcock e de livros da Agatha Cristie.

Quando Violet chega ao restaurante, somos apresentados a várias figuras marcantes, possíveis suspeitos. Esses personagens seguem os moldes de personagens de tramas de investigação, marcantes o suficiente para lembrarmos deles, mas não tanto para não serem caricatos.

A direção é de Christopher Landon, que apesar de ser conhecido por trabalhos que misturam o suspense e a comédia, como “A morte te dá parabéns” e o recente “Heart Eyes”, aqui ele segura sua ironia o máximo que consegue. Landon tem em mãos aqui, assuntos bem sérios como abuso e relacionamento tóxico. Tópicos que ele consegue intercalar e fazer correlação com o jogo de gato e rato vivido pela protagonista. Porém, é visível o quanto ele se segura, tanto para não levar o filme para um lado mais galhofa, quanto para não ficar pesado e violento demais.

Afinal de contas, “Drop” é um filme da Blumhouse. A produtora tem um viés mais comercial e por conta disso visa a maior parcela do público possível. Para se virar com tantas limitações Landon toma algumas decisões, tanto criativas quanto questionáveis.

A trilha sonora e a câmera são constantes. Essa é uma forma simples de transmitir inquietação e ansiedade. Assim como colocar as mensagens do celular de Violet no cenário, são uma forma estilizada de expor as informações no aparelho.

O roteiro também é outro ponto que tem seus momentos. Como mencionei ele é muito bom em fazer o básico, seja nas apresentação de personagens secundários, ou em criar situações de suspense que podem ser constrangedoras para a protagonista. Porém, no primeiro ato ele é excessivamente expositivo.

Existe uma informação sobre o passado de Violet, que é mostrada na abertura do longa e logo após falada por um personagem e mencionada pelo próprio filho da Violet. Essa informação, é o que traz a correlação de abuso do passado da protagonista, que é o tema central do longa, então era de extrema importância que ficasse claro desde o início.

Ao chegar no terceiro ato, tudo escala de uma forma repentina. Tendo a necessidade de um clímax fisicamente grandioso, o confronto é a revelação final da trama segue o mesmo padrão estabelecido pelo longa, mas você sente que o cenário foi preparado para uma grande cena de ação.

Também foi onde, eu imagino, que Landon teve que segurar seu lado irônico. Temos aqui cenas de novela, com direito ao mocinho se jogando na frente da bala, e um ato heroico final da protagonista, que vai de uma simples viúva a uma heroína que corre em cima de seu salto alto e é capaz de lutar fisicamente com um adversário maior que ela.

Apesar de seus tropeços, “Drop” é eficaz nas horas necessárias. Sabendo usar bem o ambiente do restaurante ao seu favor, mesmo com técnicas simples como a câmera em movimento e a trilha sonora constante, a proposta de criar suspense é concluída.

Pode faltar coragem em “Drop”, assim como ele pode não ser um filme excelente. Mas que diverte ao cumprir seu papel, apesar de tentar parecer mais intelectual do que realmente é, ele diverte na medida certa. Então, eu diria que temos aqui um excelente filme mediano.

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