Os 5 melhores filmes de terror dos anos 2010

Uma das coisas que eu mais gosto na análise de obras é fazer um paralelo com a época em que ela foi feita. Afinal, contexto histórico e geracional fazem parte da composição não só de filmes, mas de cada forma de arte. Já escrevi aqui sobre os filmes de terror nos anos 2000 e agora trago uma lista de filmes entre 2010 e 2019, tentando, como sempre, ser o menos óbvio possível.

Corra! (2017) -Dir: Jordan Peele

É difícil escolher somente um filme de Jordan Peele para representar sua filmografia, mas achei justo começar com o que foi sua estreia na direção. Em “Corra!” acompanhamos Chris, um jovem negro que em uma viagem para conhecer os pais de sua namorada branca passa por uma série de acontecimentos sinistros que o coloca em uma situação de gato e rato.

Apesar de Peele fazer um excelente trabalho no roteiro do filme, no qual intercala com momentos de comédia, a obra não deixa de ser um suspense assustador, o clima de estranheza se estabelece logo no início e é nítido notar o comportamento bizarro das pessoas na volta do protagonista.

Tudo se intensifica com o trabalho de atuação de Daniel Kaluuya, que vive o protagonista, que consegue transmitir toda a angústia do seu personagem através do olhar, não atoa o papel lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor ator.

A Visita (2015) -Dir: M. Night Shyamalan

Cinco anos após o fracasso de “O Último Mestre do Ar”, o diretor M. Night Shyamalan retornou às suas origens e lançou “A Visita”. Com uma premissa simples, onde dois jovens passam uma semana na casa dos avós que não conheciam e coisas estranhas acontecem, o diretor acabou renovando um gênero que estava ficando batido na época: o found footage.

A técnica de “câmera encontrada” busca trazer uma veracidade ao filme com uma filmagem amadora propositadamente, além de ser mais barato. Porém, o que Shyamalan fez aqui foi transformar a câmera em um personagem quase que literalmente nos transportando para o filme, fazendo que seja mais natural quando os personagens expõem suas ideias e emoções.

Além disso a atmosfera e o suspense criado pelo casal de velhinhos é surpreendentemente funcional, Shyamalan é um grande fã de história em quadrinhos e os personagens desse filme praticamente são vilões com seus próprios poderes de assustar o público.

Hereditário (2018) -Dir: Ari Aster

Sem dúvidas, Ari Aster é outro diretor que é difícil escolher um filme só, porém antes de recomendar o meu favorito do realizador, eu recomendaria “Hereditário”. Após passar por uma tragédia familiar, Annie, seus dois filhos e marido, descobrem segredos e mistérios que colocará aprova seus laços familiares e sua sanidade.

Hereditário é como se fosse um currículo do diretor Ari Aster, aqui nos temos elementos de terror, psicológico, sobrenatural, de possessão e além do drama que preenche a trama explora os personagens, até o tradicional jogo do copo está presente no filme.

O Lamento (2016) -Dir: Na Hong-jin

“O Lamento” é um filme sul-coreano onde o foco foi subverter vários elementos do gênero. Ao começar que o protagonista não é nenhum herói, pelo contrário, é muito covarde, porém muito real. O que impede ele de ir investigar os famigerados sons estranhos no escuro.

Ambientado em uma cidade no interior onde, após a chegada de um forasteiro, mortes começam a acontecer e estão ligadas à um misterioso ritual de magia negra. O ambiente mais rural, com uma neblina densa, já estabelece o clima de “O Lamento”, todos os elementos sobrenaturais acontecem de modo sutil e cada um no seu tempo. Assim como Hereditário aqui temos diversos elementos e até mesmo os zumbis dão as cara.

Apesar de ter uma duração mais arrastada, fruto da própria decisão de ter um protagonista covarde, o que impede às vezes a trama de avançar. Os momentos de ápice onde os elementos assustadores aparecem, é onde ele se destaca dando ênfase nos elementos religiosos e tratando a possessão com originalidade.

A Bruxa (2015) -Dir:Robert Eggers

Outro poente na direção de filmes de terror, ao lado de Ari Aster e Jordan Peele, Robert Eggers dividiu o público com o seu jeito melancólico de fazer terror. Em uma fazenda no século 17, uma família é tomada por uma histeria religiosa após o desaparecimento do filho mais novo.

O foco aqui é a sutileza e como o fanatismo e o orgulho vão desmoronando a sanidade da família pouco a pouco, com referências religiosas e um ar sombrio, passamos boa parte do filme sem saber o que é real e o que não é. Explorando temas como laços, empatia, tradição familiar e outros aspectos que discutem o aceitável ou não em uma sociedade, o longa utiliza isso para implementar o terror de forma que na época foi inovadora.

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