Filmes de terror que nunca veremos

Fazer um filme é uma aposta.

Realizar uma produção audiovisual é bastante caro e envolve uma quantidade enorme de profissionais, por conta disso grandes estúdios preferem apostar no que vão dar certo.

Vez ou outra surgem ideias de longas que dificilmente veem a luz do dia. No gênero de terror temos alguns exemplos de filmes que lutam para ver a luz do dia e hoje vamos listar alguns desses filmes e imaginar como seria poder vermos essas obras.

The Onania Club

Dirigido por Tom Six, realizador da trilogia “Centopeia Humana”. O longa acompanha um grupo de mulheres da alta sociedade de Los Angeles que, se reúnem em um grupo para se masturbar vendo tragédias. Six, ambicioso como sempre em querer chocar seu público, tenta lançar o projeto desde 2019 e chegou a fazer exibições testes em busca de distribuidoras para lançar seu filme no cinema.

Algumas pessoas que participaram dessas sessões, como o produtor John Waters, afirmam que viram e gostaram do filme, apesar do aspecto de baixa produção o longa ganharia seu valor no texto afiado e nas cenas bizarras.

Pessoalmente eu acredito que “The Onania Club” um dia ainda vai ser lançado e vamos ouvir falar bastante dele. Basta Tom Six abrir espaço para uma janela de lançamento mais condizente com sua realidade, como os streamings e não nos cinemas.

Halloween, de Quentin Tarantino

Hoje em dia, para quem já conhece a filmografia de Tarantino, pode estranhar ao ver que ele entraria em uma franquia. Isso pois o cineasta trabalha com roteiros originais e escritos por ele mesmo, com exceção de “Jackie Brown” cinebiografia dirigida, mas não escrita por ele. Porém, nos anos 90, após lançar “Cães de Aluguel” e “Pulp Fiction”, Tarantino foi abordado para escrever e dirigir “Halloween 6”.

Sim, não se tratava de um remake e nem de um reboot, mas sim uma sequência que visava dar uma novo fôlego a franquia após vários tropeços e decisões ruins que foram tomadas ao longo dos cinco filmes.

Para contextualizar, já havia sido estabelecido a presença do culto de Thorn, uma seita que seria a responsável por toda a sede de sangue de Michael Myers. A franquia então ganhava um elemento sobrenatural e o quinto filme contava com uma figura misteriosa que Tarantino teria o trabalho de explicar quem era.

Apesar de nunca ter sido contratado de fato, por ter sido sondado, Tarantino chegou a trabalhar no conceito do filme e explicou em entrevista sobre o que se tratava. Basicamente seria um “road trip”, filme onde a história se passa em alta estrada, onde veríamos Michael Myers e o tal personagem misterioso, viajando pelos Estados Unidos e deixando um rastro de sangue por onde se passa.

Eu sempre tive curiosidade em ver Tarantino no terror. Nesse caso específico, sua visão particular do longa traria um novo fôlego para franquia, além de que seus filmes sempre tiveram um roteiro e uma narrativa muito boas, dessa forma eu acredito que trabalhando melhor essa ideia ele conseguiria contornar decisões ruins que estragaram a franquia por anos.

Freddy vs Jason vs Ash

Uma sequência para “Freddy vs Jason” foi planejada, introduzindo um terceiro elemento, Ash de “A Morte do Demônio”. Na trama, o longa seguiria a ideia de fazer Freddy Krueger um grande orquestrador do caos. Uma vez que no primeiro filme ele usa o Jason para fazer os jovens voltarem a sonhar com ele, no segundo filme após ser morto por Jason, Krueger do inferno buscaria ressuscitar através do Necronomicon, livro usado na franquia “A Morte do Demônio”.

A partir dessa premissa, Ash Williams entraria como o caçador de demônios para ficar entre as duas figuras do terror. Esse projeto poderia ter um resultado literalmente aleatório. O primeiro “Freddy vs Jason” tem lá seu tom de galhofa e trazer Ash nessa equação afirmaria isso.

Na época a franquia “A Morte do Demônio” não havia ainda passado por um reboot e ainda tinha na sua essência o humor negro que foi característico na época. Por conta de questões de direitos autorais o filme nunca acabou indo para frente, mas para quem ficou curioso, é possível encontrar histórias em quadrinhos com o trio na Internet.

Resident Evil, de George Romero

Pois é. Antes das adaptações de Paul W.S Anderson com Milla Jovovich, o grande mestre dos zumbis quase pôs as mãos no filme baseado na franquia de vídeo game. Para quem não sabe, George Romero é o responsável por “A Noite dos Mortos-vivos” em 1968, sendo considerado o principal responsável por moldar a figura tradicional do zumbi como conhecemos, assim como o gênero de horror de uma forma geral.

A história é que nos anos 1990, Romero foi convidado pela Capcom, empresa responsável pelo jogo “Resident Evil”, para dirigir um comercial e após isso sondado para o filme. Romero escreveu um roteiro que, continha muitos dos monstros vistos no jogo e se passaria na tradicional delegacia. Teríamos Chris e Jill como protagonistas, sendo a principal mudança em relação ao jogo que Chris seria um fazendeiro com histórico militar e através dele entenderíamos os eventos da história.

Um documentário vai ser lançado ainda em 2024, explorando os motivos que levaram a Capcom a não aceitar o roteiro de Romero. Se eu pudesse chutar, eu diria que a visão de Romero em relação os filmes de Anderson que tivemos era muito menos comercial. Por mais que “Resident Evil” seja uma história de zumbis, fazer um filme de horror com um grande lançamento nos cinemas não costuma dar muito certo, isso pois a classificação etária limita o número de pessoas nas salas e acaba limitando a bilheteria consequentemente.

Romero já tinha uma vasta experiência na época, e seus trabalho após os anos 2000 como o found footage “Diário dos Mortos” e na série “The Walking Dead”, mostra sua facilidade a se adaptar com a modernidade de cada época. Então eu confio que ele faria um bom trabalho e sua visão poderia ir de um trash filme B a um conceitual filme explorando significados nos zumbis.

Nas Montanhas da Loucura

As obras de H.P. Lovecraft sempre passam por um drama para serem adaptadas.

O motivo disso seria que, a narrativa de suas obras acompanham muitos elementos que funcionam muito bem na escrita, mas não no visual, tendo elementos como por exemplos, cores que não existem ou criaturas em formas que não fazem sentido.

Sem exageros, Guillermo Del Toro tenta dirigir uma adaptação de “Nas Montanhas da Loucura” há cerca de 30 anos. Em 2011, ele tinha a confiança da Universal Pictures, detentora dos direitos da obra, que disponibilizou 150 milhões de dólares para a produção, soba condição que o filme seria para maiores de 14 anos.

Achando improvável que conseguisse contar essa história com uma classificação baixa, Del Toro tentou se adaptar. Porém, em 2012 era lançado “Prometheus” filme da franquia “Alien” com classificação alta e que contém na premissa muitas similaridade com “Nas Montanhas da Loucura”. Del Toro na época disse que isso poderia indicar o fim do seu projeto, já que a Universal claramente preferiu apostar em uma franquia do que em um novo filme para maiores de 18 anos.

Em 2022, Del Toro disponibilizou no YouTube um curta em animação 3D de uma cena que seria do seu projeto, junto a isso uma declaração dizendo que, estaria disposto a transformar a adaptação em uma animação stopmotion. A técnica de animação com bonecos de massinha, apesar de trabalhosa, é conhecida por ser mais barata e isso resolveria a questão do orçamento.

Hoje em dia, eu acredito que essa desculpa da classifica etária não dar retorno não existe mais. Temos exemplos de filmes mais violentos que fazem uma boa bilheteria entregando um bom marketing. Apesar de que, esses filmes mais violentos ganham bastante visibilidade em serviços de streaming.

Guillermo Del Toro, conhecido principalmente por “Labirinto do Fauno”, é um diretor e roteirista que vai do horror à fantasia de maneira orgânica. Já expressando seu fascínio pela obra de Lovecraft e provando saber trabalhar com criaturas, para mim a junção de Del Toro e Lovecraft seria um dos maiores casamentos vistos nas telas.

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